Percebe-se que em tempos atuais são de vozes apressadas e ouvidos distraídos. A comunicação, que deveria ser ponte, muitas vezes se torna ruído. E nesse cenário, escutar, verdadeiramente escutar, é um gesto raro. Mais do que captar sons, ouvir é acolher. É abrir espaço para que o outro se revele, sem pressa, sem moldes, sem interrupções e que isso aconteça em sua própria lógica, com seus ritmos, pausas e silêncios. Porque há uma diferença profunda entre ouvir e escutar: a primeira é função dos sentidos; a segunda, é função da alma. Ser um bom ouvinte é estar presente. É suspender o próprio mundo por instantes para que o mundo do outro possa emergir. É não querer ocupar o lugar do outro, mas caminhar ao lado, com respeito e curiosidade. E isso transforma a comunicação em cuidado, transforma o diálogo em encontro. Ruídos na comunicação não são apenas sons indesejados. São interrupções, julgamentos, distrações, interpretações precipitadas. São tudo aquilo que impede o outro de...
Esta é uma breve introdução à Filosofia Clínica. Por meio dela, pretendo elucidar algumas dúvidas iniciais dos interessados em compreender esse método e, caso queiram conhecer mais, com as informações apresentadas, saberão como e o que buscar em outros textos e livros. A Filosofia Clínica, ao longo dos seus trinta anos, possui uma base sólida. Por isso, há muitos conceitos que requerem aprofundamento, pois apesar de ser “simples” na apresentação dos conteúdos constituintes do método, ela é complexa em sua aplicação, pelo fato de lidar com pessoas. Além disso, a prática muitas das vezes fundamentará a sua teoria. A Filosofia Clínica visa auxiliar a quem procura terapia a alcançar seu bem-estar subjetivo, trabalhando suas questões existenciais conforme cada singularidade. É importante dizer que sem a noção de singularidade ela seria apenas mais um método terapêutico. Cada pessoa é única, possuindo a sua experiência de vida, sua cultura, seu modo de ver o mundo, seu jeito de sentir e...